sábado, 9 de maio de 2009

Casos



Conheci uma senhora com quem tenho uma relação mais ou menos intensa. Ela enxerga nos outros mais semelhanças que diferenças. Afinal, temos mesmo essa parte, numa camada mais profunda, que tentamos controlar. Daí tentamos ser tão racionais. Mais do que admitimos.


Essa segunda parte de nós mesmos é a mais impulsiva, pulsante. Um tanto selvagem, intemperstiva: ela quer sensações. É isso.


Para nos reafirmar naquilo que pensamos ser, muitas vezes precisamos de privações de várias espécies (seja inclusive não se impedir de não experimentar). Só assim nos aproximamos do ideal de nós mesmos, um perímetro um tanto fixo. De certa forma essa solidez toda apazigua. Entretanto somos feito nuvens, ela diz às vezes. A parte mais externa é um desenho que muda de acordo com a força dos ventos.


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/Essa senhora usa muitas metáforas, como geralmente as pessoas em fase terminal o fazem. Eu a visito no leito. Devo alguns favores, é verdade, mas por outro lado, sinto que devo fazer isso... não sei bem por que. Ela ainda está bem e me liga aos fim de semana.


/Alencar

Um comentário:

Luiz disse...

"A parte mais externa é um desenho que muda de acordo com a força dos ventos."

O que ficou...