domingo, 23 de novembro de 2008




Porque me calo.

Calo porque sinto que minhas palavras nada podem acrescentar. Gosto que tua voz me toque de longe, em minha ausência. Gosto da sensação macia de cada palavra que sai da sua boca e me toca como se fosse um beijinho. E é tão engraçado como as palavras saem da sua boca. Algumas macias como afagos e outras tão secas como verbetes de uma enciclopédia.

Calo porque gosto do teu sorriso cheio de dentes grandes e bonitos. E tua gargalhada parece ecoar por toda a sala. Me faz querer rir também e gargalhar até engasgar, mas mesmo assim calo.

Calo porque ninguém quer ouvir coisas interessantes. Ninguém quer ouvir aquilo que deve ser ouvido. É muito mais fácil ser fofinha, meiguinha, amado. Calo, calo, calo.

Calo porque desaprendi a falar com todo esse engessamento positivista kelseniano! Calo porque só é possível filosofar em alemão e fazer rock em inglês! Calo porque minha palavra parece ser o abraço.

Abraço...É coisa de gente carente! Abraços de graça, abraços de graça. Abraça e cala. Não há nada pra ser dito num abraço. Nada com metáforas que perderam seu troquel. Respirações e batidas do coração falam por si. A pele fala por si.

Mas nem tudo pode ser transmitido por um abraço. Não dá pra abraçar todo mundo. E nesse sentimento de não abraçar o mundo, mais uma vez, calo.

Natasha

Um comentário:

Unknown disse...

eu queria aprender a calar as vezes ;~

;* prycilla