sábado, 15 de novembro de 2008

Eu não sou Sabina.


O amor pode nascer de uma metáfora. Você sabe disso. E mesmo assim você usou uma comparação - metáfora pobre - para falar de nós. Disse que sentia a admiração que Franz sentiu por Sabina quando ela foi embora. Franz não sentia admiração por Sabina. Franz amava Sabina. Você me amava, me fez acreditar nisso e até hoje é difícil olhar pra você sem me sentir desconfortável.

Mas eu não sou Sabina. Você, sim, é Franz. Você é o típico intelectual. Você é atraente. Aparentemente forte, mas fraco. Vive numa relação super estranha com sua namorada, que tal qual Marie-Claude, é como se fosse sua mãe. Você não se sente mais tão bem como ela, mas sente que precisa protegê-la, que precisa prover, ser o homem da relação. Mas você é só um menino. Você só precisava de alguém pra te tirar dessa situação, mas eu não soube ser essa pessoa. Eu não sou Sabina.

Eu sou Teresa. Eu sou frágil. Eu sou fraca. Preciso de cuidados, de carinho. Eu sinto ciúmes, me machuco, me apego. Eu choro. Eu tenho sonhos estranhos e pavorosos que não me deixam dormir de noite. Eu sou insegura. Ando com livros de baixo do braço. Faço parte da sociedade secreta do livro. Eu me apaixono pela pessoa errada.

Como eu poderia te tirar dessa situação? Como? Se eu sou igual a você. Sou seu alter-ego fugidio, ao menos em parte. Agora eu entendo. Franz e Teresa nunca dariam certo. Mas eu queria ter sido Sabina pra te ajudar a se libertar, a cortar teu cordão umbilical. Você precisa ter sua própria vida. Escolher os móveis de sua casa. Fazer sexo com alguma aluna sem se apegar. Você precisava ter me amado pra sempre. Mas eu não sou Sabina.

Não sou forte com precisava. Não sou desapegada e despretenciosa. Não sou artista. Não tenho um chapéu coco. Não sou mulher, sou menina.

Essas são minhas últimas palavras pra você. Seu altar já não existe mais. E eu não sei nada de você. Teresa não conhece Franz, e é difícil agir como se não te conhecesse. Espero algum dia esbarrar contigo e derrubar teus livros no chão, ou que tua bolsa rasgue bem no meio - macumba na bolsa.

"Find the words and talk to me. This could be heaven"

Natasha/Teresa

Um comentário:

Any, Ane e Paulinho disse...

Nossa, me descreveu ai em várias partes. Posso ser Teresa também? Texto foda, adorei. Bjocas

Any