Ele se encostou por alguns instantes na parede de pedra, fechando os olhos e respirando profundamente. Sua aparência era lastimável: estava meio suado, trazia um corte no canto dos lábios que ainda estava manchado de sangue, assim como o nariz também estava. Mas isso não o incomodava. A briga com aquele outro parecia ter sido há séculos ao invés de alguns minutos. Será que havia realmente acontecido naquela noite? Não teria sido há uma semana?
Absorveu o cheiro da rua junto com o ar e ficou, durante alguns segundos, escutando o barulho confuso e desconexo – era assim que tudo parecia para ele no momento – de conversas distantes, dos sons de música abafados, dos movimentos dos bares (a única coisa que funcionava mesmo em tempo de guerra); não que realmente soubesse de onde o barulho estava vindo.
Tateou o bolso do sobretudo para pegar uma carteira de cigarros. Ao fazê-lo, pegou um, colocou-o na boca e acendeu-o. Deu uma tragada e quando afastou o cigarro para deixar a fumaça sair pelos lábios entreabertos, abriu os olhos novamente. Eles se detiveram no cigarro, na ponta que queimava... O alaranjado da brasa parecia mais vivo... Ele franziu a testa, aproximando o cigarro do rosto; admirava a maneira como o filtro era consumido pela brasa para se tornar... cinzas. Sorriu estúpida e lentamente... Fogo. Adorava fogo. A cor vívida do tabaco queimando era... simplesmente... incrivelmente....bela.
Onde ela estava?
O homem sentiu o olhar desviar do cigarro para a rua. Sua visão estava ligeiramente borrada; piscava em flashes repentinos de cores... elas piscavam onde quer que ele olhasse... como se seu cérebro estivesse mais sensível às suas diferentes tonalidades e brilho... e movimentos. E, na verdade, estava.
Algo dourado brilhou à distância. Levando o cigarro aos lábios novamente, o homem deu um impulso para frente para se desencostar da parede. E então, andou na direção do tal brilho dourado.
Lá estava ela, ofuscando as poucas pessoas à sua volta na rua, a melhor vagabunda que ele fudera – e que pretendia continuar fudendo. Os olhos azuis dele se fixaram nela (a garota tinha o rosto virado para o outro lado como se falasse com alguém) e ignoraram todo o resto. Continuou se aproximando – um barulho incerto e abafado indicava música ali perto. Ela fez um movimento com o cabelo, e ele pensou ter visto todos os fios se moverem... Os fios loiros do cabelo dela brilhavam intensamente, mas não pareceram nada perto do aspecto ofuscante do rosto dela quando a mulher se virou. Ele a chamara? Nem se tocara disso.
Parou de andar a alguns passos dela, olhando-a curiosamente. Como nunca reparara naquela beleza? Cegava. A pele branca parecia mais branca; o batom vermelho o fazia imaginar que a boca dela sangrava – a cor quase o agredia, e despertou nele a vontade de morder aqueles lábios. Sorriu. Os olhos azuis dela brilhavam tentando feri-lo ou era só impressão? O sorriso da mulher faiscou antes de se tornar... o quê? Preocupação? Confusão? Algo do tipo. Estava frio ou a ardência que o homem sentia no rosto era por causa de outra coisa... Quê? Ela havia dito que ele se cortara? Que engraçado... uma puta que se importa.
Liv.
Absorveu o cheiro da rua junto com o ar e ficou, durante alguns segundos, escutando o barulho confuso e desconexo – era assim que tudo parecia para ele no momento – de conversas distantes, dos sons de música abafados, dos movimentos dos bares (a única coisa que funcionava mesmo em tempo de guerra); não que realmente soubesse de onde o barulho estava vindo.
Tateou o bolso do sobretudo para pegar uma carteira de cigarros. Ao fazê-lo, pegou um, colocou-o na boca e acendeu-o. Deu uma tragada e quando afastou o cigarro para deixar a fumaça sair pelos lábios entreabertos, abriu os olhos novamente. Eles se detiveram no cigarro, na ponta que queimava... O alaranjado da brasa parecia mais vivo... Ele franziu a testa, aproximando o cigarro do rosto; admirava a maneira como o filtro era consumido pela brasa para se tornar... cinzas. Sorriu estúpida e lentamente... Fogo. Adorava fogo. A cor vívida do tabaco queimando era... simplesmente... incrivelmente....bela.
Onde ela estava?
O homem sentiu o olhar desviar do cigarro para a rua. Sua visão estava ligeiramente borrada; piscava em flashes repentinos de cores... elas piscavam onde quer que ele olhasse... como se seu cérebro estivesse mais sensível às suas diferentes tonalidades e brilho... e movimentos. E, na verdade, estava.
Algo dourado brilhou à distância. Levando o cigarro aos lábios novamente, o homem deu um impulso para frente para se desencostar da parede. E então, andou na direção do tal brilho dourado.
Lá estava ela, ofuscando as poucas pessoas à sua volta na rua, a melhor vagabunda que ele fudera – e que pretendia continuar fudendo. Os olhos azuis dele se fixaram nela (a garota tinha o rosto virado para o outro lado como se falasse com alguém) e ignoraram todo o resto. Continuou se aproximando – um barulho incerto e abafado indicava música ali perto. Ela fez um movimento com o cabelo, e ele pensou ter visto todos os fios se moverem... Os fios loiros do cabelo dela brilhavam intensamente, mas não pareceram nada perto do aspecto ofuscante do rosto dela quando a mulher se virou. Ele a chamara? Nem se tocara disso.
Parou de andar a alguns passos dela, olhando-a curiosamente. Como nunca reparara naquela beleza? Cegava. A pele branca parecia mais branca; o batom vermelho o fazia imaginar que a boca dela sangrava – a cor quase o agredia, e despertou nele a vontade de morder aqueles lábios. Sorriu. Os olhos azuis dela brilhavam tentando feri-lo ou era só impressão? O sorriso da mulher faiscou antes de se tornar... o quê? Preocupação? Confusão? Algo do tipo. Estava frio ou a ardência que o homem sentia no rosto era por causa de outra coisa... Quê? Ela havia dito que ele se cortara? Que engraçado... uma puta que se importa.
Liv.
Nenhum comentário:
Postar um comentário