sábado, 2 de fevereiro de 2008

É uma situação em particular. Você volta pra casa por um tempo. Os desenhos na parede do seu quarto. Todos continuam lá. Sua mãe ainda dá bons conselhos. Seu pai esquece a barba crescida. O porão não te assusta mais. Você já é grande demais pra se esconder no armário. Seus antigos vizinhos se mudaram, mas as assinaturas que deixaram na àrvore do jardim permanecem. Então, no fim da tarde - com uma estranha sensação de ouvir os gritos das brincadeiras lá fora - você imagina como você era naquela época e finalmente se dá conta que perdeu o modo que costumava sentir as coisas. E nesse ritmo, essa amnésia quase injusta sempre vence a corrida.

Provavelmente alguém restou, deixado pra trás. O nome dele é Abílio. Uma cena constrangedora. Seus olhares se cruzam no supermercado. Ele engordou mais do que todos os outros garotos - e garotas - juntos. Atualmente trabalha numa loja de artigos de artilharia - é o que diz na logomarca da farda. Ele pode achar que a barba acobertou sua identidade, mas passar mais de 30 segundos olhando arrebataria qualquer disfarce. O plano B dele é encarar nervosamente as prateleiras de chocolates e esperar que você passe direto. É o que você faz, mas no fundo sabe que não foi a coisa certa.

(...)

talvez continue

[Especial pro Volúpias: Alencar \o/]

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